segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Entrevista com o vereador Donato


Há alguns dias preparei uma entrevista com o vereador Donato. Ele foi muito solícito em respondê-las, afinal disponibilizou um pouco do seu tempo para dar-se a conhecer. 
Vou publicar a entrevista aos poucos, para ficar mais leve de ler. Colei o texto produzido pelo vereador exatamente como enviou.
Quando eu terminar de publicar colocarei também minha opinião a respeito. Boa leitura e qualquer pergunta a mais ao vereador é só me falar.

1- A preocupação e o debate no que se refere ao meio ambiente, devido sua inquestionável importância, está muito presente no nosso dia a dia. Nos últimos 60 anos vimos a cidade de São Paulo crescer o que propiciou uma série de benefícios para São Paulo, mas junto trouxe também os loteamentos irregulares tanto em áreas de risco como de proteção aos mananciais. O que o  o que o senhor pensa a este respeito? O senhor tem um projeto relacionado ao meio ambiente?

2- Ainda relacionado ao meio ambiente, o que a prefeitura de São Paulo tem feito para conter os loteamentos irregulares, em especial nas regiões de mananciais? É feito algum trabalho com as populações que já vivem à beira das represas? Essas famílias são conscientizadas da importância de conservar o meio ambiente e cuidar das águas? Qual encaminhamento é feito com as famílias que hoje ocupam regiões de mananciais? 

1/2) Você contextualiza bem a questão. A cidade de São Paulo, tinha 2 milhões de habitantes em 1950, hoje tem mais de 11 milhões. Nenhuma grande cidade do mundo teve essa explosão em período tão curto de tempo (talvez as cidades chinesas agora). Isso gerou uma ocupação urbana desordenada, sem planejamento , ao sabor do mercado imobiliário e da necessidade premente das pessoas. A nossa zona sul constituiu-se a partir da década de 50 no grande pólo industrial da cidade, conseqüentemente, gerando empregos e atraindo a população para essa região, que tem características geográficas muito particulares. As duas represas de um lado e uma topografia acidentada de outro, o chamado mar de morros. No inico da década de 50, inúmeros loteamentos populares, mas regulares, se implantaram, gerando as vilas e bairros mais antigos da nossa periferia. No final da década de 60 inicia-se um processo de pressão para ocupação da região dos mananciais, já que as outras áreas já estavam loteadas. O poder publico responde aprovando na Assembléia Legislativa uma lei muito dura, em 1972, impedindo a ocupação da região de mananciais por lotes populares. O efeito da lei foi justamente o contrario. As grandes glebas ficaram imediatamente desvalorizadas, empurrando seus proprietários para na maioria das vezes eles próprios criarem loteamentos clandestinos irregulares. O ultimo grande movimento foi a partir de finais da década de 70, a na ausência de novas áreas, mesmo que irregulares e com a estagnação econômica que durou mais de 25 anos, a cidade não gerou os empregos necessários, viveu uma desindustrialização, que gerou uma enorme massa de moradores de baixa renda que alimentaram o processo de favelizacao, com a ocupação de áreas de várzea e encostas, gerando essa situação que temos hoje. Por outro lado a estrutura administrativa e fiscalizatoria da prefeitura não acompanhou a explosão populacional e territorial da cidade. O fato é que hoje, centenas de milhares de pessoas vivem na região dos mananciais e não se tem como retirá-las de lá. O importante é o investimento em urbanização de favelas, e a regularização de loteamentos clandestinos. Existem hoje dezenas de áreas sendo atendidas pelo programa mananciais com investimentos da prefeitura e do governo federal através do PAC. Me parece que esse é o caminho, associado a uma fiscalização eficiente para que as poucas áreas preservadas não sejam ocupadas. Portanto, não acredito que o problema dos mananciais seja de novas leis, mas sim de investimento e fiscalização do poder publico.

Um comentário:

  1. a questão é que também a CMSP não evoluiu, fazendo com que os parlamentares sejam coniventes com as atitudes da prefeitura

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